sábado, 15 de agosto de 2009

Vida de gado

Típica frase do paulistano: “Eh, ÔÔ, vida de gado; povo marcado, povo feliz”. Qualidade de vida nesta cidade é baixíssima; o povo vive no meio de poluição visual, sonora, ambiental. Corre pra ir ao mercado, cuidar da casa, da família, ser um ótimo funcionário pra não correr o risco do desemprego e ainda encontrar algum tempo para lazer aos finais de semana. Mas apesar de tudo isso, não deixa de ser feliz, pois tem prazer em tudo que faz e gosta desse ritmo frenético da cidade.
Detesto posts demasiadamente pessoais, mas vou falar um pouco da minha ‘vida de gado’. Rotina começa com o despertador tocando às 6hs da manhã, de segunda a sexta. Levanto, tomo banho, arrumo a mochila com tudo que irei precisar até o final do dia e saio – na maioria das vezes, atrasada - de casa, sem ao menos tomar café. Chego no trabalho e aí sim tomo café pra começar a correria e falsidade diária até as 17hs. No meio de tanta correria tem aquelas gargalhadas maravilhosas que tornam o dia mais tranqüilo e a vida mais gostosa.
Saio de lá, e pra não perder tempo, vou direto pra faculdade estudar e lidar com todo aquele povo egoísta e competitivo, futuros colegas de profissão – sim, alguns pelo menos exercerão a profissão apesar de todas as dificuldades – assim como eu - acredito. Claro que nem tudo é ruim, jamais. Tem sempre aquela aula maravilhosa com um professor que te faz se apaixonar ainda mais pela psicologia e, por mais cansada que esteja, naquela aula é impossível faltar! Tem as piadas idiotas que só a gente se diverte e, claro, tem as amigas maravilhosas com quem compartilho todas as angustias pessoais e profissionais e com quem se pode dividir vitórias e fracassos! Ah, que falta farão todas essas conversas e nossas auto-análises no meio da aula ou tomando um café à toa.
Chega sexta-feira, alívio...final de semana chegou e terei o tão esperado descanso, certo?! Errado! Sábado despertador toca no mesmo horário que os outros dias da semana, e vou pra aula. Aquele sono de manhã, uma aula que parece não ter fim, por mais gostosa que seja...é sábado de manhã, poxa!!! Chego em casa já na hora do almoço e é o tempo certo de matar a fome e descansar um pouco. Afinal o final de semana ainda nem começou e tem que organizar o tempo para estudos,vaidades, e claro estar pronta e disposta pra hora que o namorado chegar! Ah como é bom sábado à noite!
Depois disso nada melhor do que não ter hora pra acordar no domingo, único dia de descanso! Ufa! Mas essa folga é só pela manhã mesmo porque o resto do dia deve ser dividido entre namoro, família e estudos! Estudos, sempre estudos!
Engraçado que na primeira semana de aula em 2006, uma aluna do 5° ano foi conversar conosco e ela brincou dizendo que a partir de então nosso passatempo preferido seria visitar livrarias e sebos e que pediríamos sempre livros de presente a amigos, namorados ou familiares. Inocência de caloura pensei ser piada! Há! Era nada. Inclusive recentemente, ganhei um livro de presente de aniversário um grande amigo, claro, relacionado à psicologia! E com toda certeza adorei o presente! Entrei no curso aprendendo a gostar de ler e hoje tenho paixão por livros e, gostando ou não – sorte a minha gostar - eles ocupam grande parte do meu tempo.
É...essa vida de gado cansa! Mas os momentos felizes são inúmeros também! Mês de agosto um pouco mais curto, aulas acabaram de começar e se inicia o último semestre de aulas e provas e grupos conflituosos! Ai Deus, nem acreditooooooooo! Ano que vem serão apenas os estágios e supervisões, sem provas e grupos e conflitos...e acaba! Aaaaaaaah! Felicidade maior que essa não tem! Tudo acontecendo como eu gostaria que estivesse. E a vida caminha acelerada, sem descanso e com alegrias e vitórias que coleciono e guardo com todo o prazer dentro de mim!
Daí, utilizo das palavras de Zé Ramalho, em Admirável Gado Novo: “Eh, ÔÔ, vida de gado;povo marcado, povo feliz!!!”

sábado, 1 de agosto de 2009

Pessoa, Fernando.

Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.