terça-feira, 29 de junho de 2010

Meias coloridas

Sem pensar em mais nada. Embotamento intelectual. E isso existe? Não deve existir não. Mas foi a única expressão para o momento. Está frio e faz sol. Seria melhor se chovesse um pouco, ajudaria a dormir melhor. Aliás, dormir? O que é isso mesmo? Segunda noite de insônia. Mas há um lado bom, já amanheceu e agora, de fato o dia pode começar.
O dia pode começar...Estranho. Esse é um dia que não sei por onde começar e nem quando vai terminar. É que na verdade os dias têm sido assim ultimamente. Muita ansiedade! Que tudo isso acabe logo. Mas poxa, já vai acabar? Sim, são cinco anos, uma hora tem que acabar. Sei que sentirei saudades, mas é tão gostoso estar perto do fim, mas tão gostoso que chego a pensar que não existe fim.
E não existe mesmo. A cada final existe um novo recomeço. O fim mais certo que existe é a morte, mas não é bom pensar nisso agora. Na verdade pensar na morte não é algo que me agrada muito. Dizem que a gente teme o que desconhece e devem ter razão. É que, além disso, pensar na morte me faz lembrar do quanto estou distante da minha religiosidade e isso me faz falta.
A fé está sempre presente na minha vida e é o que, na verdade, me fez chegar até aqui. Se não fosse a fé, sei que a fraqueza e o medo me impediriam de ser quem eu sou. Não me tornei essa pessoa sem graça e anti-social à toa, tive que superar meu medo da opinião alheia para ser assim. Tive que quebrar alguns esteriótipos sociais (e até mesmo pessoais). Foi a fé que me tornou quem eu sou. A fé de que existe uma força maior por mim e que Ela me dará o suporte que preciso pra encarar essa loucura toda. E meu deu! Todo o suporte que preciso. E espero ter esse suporte mais e mais. Prometo me dedicar mais a Ti também.
Mas o dia já está começando. O sol aparece levemente ente as nuvens e está frio.
Um bom banho, cabelo lavado e maquiagem no rosto pra amenizar as olheiras da noite mal dormida – ou seria não dormida?! Abrir o guarda-roupa e colocar aquela blusa sem cor, sem graça e sem sal. Porque no meu papel de aprendiz, descobri que devo usar roupas com cores sóbrias.
Eu ainda não descobri o que são cores sóbrias e eu não sinto vontade nenhuma de descobrir. Não quero ficar sóbria mesmo que seja apenas em vestimentas. Quero mais é me embriagar nessa loucura toda e calçar minhas meias coloridas. Elas ficam ali escondidinhas por debaixo da roupa e dentro do sapato. Seria um absurdo que as cores das minhas meias fossem vistas por todos. Seria uma exposição sem tamanho. Eu não gosto de me expor. Prefiro me manter em segredo. Prefiro estar embriagada de loucura e de cores. Mas só te mostro minhas meias coloridas se você me mostrar que ainda consegue sentir, combinado?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para todas as coisas

Para seduzir, olhar
Para divertir, bobagem

Para o carro, devagar
Mas para enfrentar, coragem

Para creditar, mentira
Para discutir, opinião
Para levantar, sol
Mas para dormir, colchão


Para entender, conflito
Para se ganhar, amigo
Para deletar, mensagem
Para o verão, viagem

Para fofocar, revista
Para distrair, TV
Para uma dieta, açúcar
E para amar, você
Para encontrar, vontade
Para atravessar, a ponte
Para desejar, sorte
E para ouvir, Marisa

Para Capitú, Machado
Para uma mulher, Clarice
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio

Para o secador, molhado
Para o colar, anel
Para o batom, um beijo
Sempre muito apaixonado

Para se pintar, espelho
Para se perder, aposta
Para dividir, segredo
Para namorar, se gosta

Para um biscoito, avó
Para comprar, essencial
Para todas as coisas, nó
E para terminar, final!


[Ana Cañas]