sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Paixão e loucura

É agora que tudo começa. Até então foram muitos os esforços feitos, os dias turbulentos, as noites mal dormidas, finais de semana cercada de livros e textos, vida social bastante limitada, ausências, saudade do amor, da família, dos amigos. Mas a partir de hoje tudo muda. O sonho tornou-se realidade.
O caminho foi longo e árduo. Muitos sacrifícios precisaram ser feitos. Por diversas vezes a incompreensão de alguns taxava as ausências como falta de companheirismo, falta de vontade de estar junto. O cansaço e o sono eram vistos como preguiça. As horas dedicadas aos livros como exagero. A falta de dinheiro como mesquinhez.
Prioridade. Na verdade, essa sempre foi a questão: prioridade! Um objetivo, uma meta, um sonho, um desejo! Tudo isso implica determinação. Ironicamente, determinação é algo novo. Começar um projeto sempre foi fácil, mas terminá-lo era muito difícil. Dessa vez não, existiu determinação, pois o desejo era mais forte e, definitivamente valeu a pena!
Foram anos de muito aprendizado sobre psicologia, sobre o ser humano e, também, sobre mim mesma. Os livros e professores puderam ensinar muito do que sei hoje, mas os colegas de sala e os profissionais que encontrei no caminho, ensinaram muito mais. A vivência que se tem é sempre muito mais rica do que o que se lê nos livros.
Depois de muitos tropeções, desentendimentos e decepções, aprendi, neste último ano, que existem pessoas que, com raros gestos, ainda são capazes de demonstrar amizade, companheirismo e solidariedade. Pessoas com as quais aprendi muito a respeito da vida e que, certamente, guardarei todos os momentos vividos, com muita alegria para o resto da vida.
Tudo foi vivido intensamente! Os sacrifícios, a aprendizagem, as risadas e bons momentos. As teorias criadas por nós para explicar banalidades da vida, os momentos cômicos de auto-analises, as associações mais infantis que fazíamos para estudar, os segredos e tudo que aconteceu fora das salas de aula.
Excelentes profissionais fizeram parte dessa jornada e com eles muito aprendi, conhecendo o lado prático da teoria. No entanto, ao conhecer o lado pessoal de alguns profissionais senti nojo. Aprendi que as pessoas só mostram aquilo de si que convém, mas esquecem que as máscaras sempre caem. Aprendi que dentro de todo ser humano existem monstros e que, às vezes, eles vencem. Por outro lado, existem profissionais que vivem a psicologia com paixão e dedicação. Que usam os conhecimentos para fazer bem ao próximo e não para satisfazer desejos perversos.
Aprendi que é preciso ser! Não basta apenas existir, é preciso ser – e ser em essência, pois ser implica conhecer o que há de melhor e pior em si e despir-se de preconceitos, repensar comportamentos individualistas e mesquinhos. Aprendi que tanto na vida quanto na profissão é preciso estar-junto-para-o-que-quer-que-seja-em-qualquer-momento.



"Viver, e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar (e cantar e cantar) A BELEZA DE SER UM ETERNO APRENDIZ. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e SERÁ. Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita!"

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mas fica só entre a gente, tá?

Necessidade imensa de gritar. É isso!
Sentimentos inexplicáveis, difíceis de traduzir em palavras!
Compartilhar medos, angústias, dores e segredos...
Intimidade é algo assustador!
Cumplicidade é coisa rara...
Confiança exige tempo, respeito e transparência.
Só que transparência implica intimidade.
Esse é um ciclo que torna os relacionamentos tão complexos!

Tem coisas que só a própria experiência pode explicar.
Viver vai muito além do que se pode imaginar.
Alias, tem coisas realmente inimagináveis que surpreendem!
Só quem vive é que pode entender a grandeza de pequenos gestos.
Acontece! Aquilo que menos se espera: acontece!
E quando acontece: o que fazer com tudo isso?
Já se sofre tanto nessa vida, que entre todas as opções, o riso é a melhor solução.
Rir! Ah, um riso de alívio pela dor, pela vergonha, pelos erros!
Um aprendizado. Definitivamente um grande aprendizado! Inesquecível...
É o que se tem para o momento: o riso e o grito!


“... e nesse silêncio profundo se esconde minha imensa vontade de gritar” – Clarice Lispector.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O não dito

As palavras têm um peso tão grande em nossa vida. Pesam tanto que muitas vezes torna-se conflituoso decidir o que deve ou não deve ser dito. Na verdade muitas palavras devem ser ditas – afinal elas existem para serem usadas, mas desde que no momento certo e para a pessoa certa.
Difícil é quando não existe receptor para o que vai ser dito. Ou até existe, mas é alguém que só existe fisicamente, pois pouco lhe importa o que será dito. Aí palavras são apenas palavras! Mas o fato é que palavras nunca podem ser apenas palavras! Elas carregam um peso de significado tão intenso e complexo que quando ditas para ferir, o fazem melhor do que um tapa ou beliscão.
Saber ouvir, na verdade, saber escutar, é um dom. Como diz Rubem Alves: “Escutar é complicado e sutil”. Mas e sobre saber falar? Por que poucos se preocupam com o falar em si. Falar é coisa complicada também e é quase sempre um risco.
Existe o risco de se perder quando algumas palavras são pronunciadas, e quase sempre isso acontece não pela palavra em si, mas pelo significado que ela carrega ou pelo contexto em que são ditas. Porque no momento em que são ditas, elas se concretizam e muitas vezes ferem como pedrinhas coloridas que, quando criança se colecionava e às vezes se jogava na cara de alguém, de propósito mesmo, para machucar.
Mas existe também o risco de não se falar. Sim, existe o risco do silêncio. É que o não dito machuca às vezes também. E, dessa forma, afirma Lya Luft: “Vivemos nesses enganos, nesses desencontros, nesse desperdício de felicidade e afeto. No sofrimento desnecessário, quando silenciamos em lugar de esclarecer”. É um silêncio angustiante, ressentido e nele se acumulam amargura e incompreensão. A palavra não dita faz mal para quem as guarda para si. É como se uma bola sei lá do que e sei lá de que tamanho fosse se formando dentro do estômago e dá aquela dor, aquela ânsia inexplicável.
Mais do que saber escutar, como afirma Rubem Alves, é imprescindível saber usar as palavras. Elas fazem parte de nossa essência enquanto seres humanos e saber usá-las adequadamente é um aprendizado constante, pois com ela nos aproximamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, acalmamos, ferimos e matamos.

*****

"Palavras e silêncio, que jamais se encontrarão" - Zeca Baleiro

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Diário de uma ex-adolescente

Aos quinze anos a gente pensa que tem um universo inteiro a ser descoberto, explorado e o mundo parece tão grande que dá a sensação de que não há tempo para conhecer tudo que se quer. Tudo tem quer ser feito pra ontem, como se o mundo fosse acabar amanhã.
Mal deu tempo de conhecer as maravilhas do mundo e logo vem uma ‘passagem’ tão desejada: a chegada dos dezoito anos! É uma ansiedade tão grande completar dezoito anos! Porque com dezoito anos não precisa mais usar RG falso pra entrar na balada, no motel...Com dezoito anos já pode tirar carteira de habilitação...
E o que a gente sempre esquece é que com dezoito anos é hora de tomar um monte de decisões que não estamos preparados. Com dezoito anos, além do desejo de descobrir o mundo e as coisas boas que ele tem a oferecer e tem que se preocupar com estudos, trabalho, carreira e um monte de coisinhas chatas que fazem parte desse nosso imenso universo.
É que quando se é adolescente, pouco se pensa sobre o futuro. O aqui-e-agora é o que importa. Ser adolescente é ótimo! A maior preocupação é se aquele paquerinha vai te ligar ou não, se você vai bem na prova (porque se não for, sabe que não vai poder ver os amigos), se aquela fulana que não sai do pé dele não vai desistir nunca, que roupa você vai colocar para ir na festa...e por aí vai.
Daí acontece uma coisa muito chata: a gente cresce e amadurece (deveríamos, pelo menos)! É faculdade, dinheiro, trabalho, dinheiro, estágios, dinheiro, casamento (tem que ter algo bom pra salvar) e dinheiro! São tantas as preocupações que o tempo passa rápido demais e não se tem mais tempo e nem paciência pra uma bobagem qualquer com qualquer um.
A gente aprende que nada dura pra sempre e que a vida é difícil sim, mas pode ser pior se você deixar com que os problemas te consumam demais.
Quando se dá conta, a gente estaciona o carro, desce e escuta um moleque dizendo: “moça, posso olhar?” E nesse momento, as dores são tão intensas que... Bom, primeiro você se depara com a pobreza do garoto que não está na escola e precisa de alguns trocados pra ajudar a mãe em casa. Na verdade você se convence de que esse dinheiro vai ajudá-lo a comprar comida e não usar drogas... Daí depois vem outra dor...Do que ele me chamou? “moça”? “MOÇA”? Como assim??? Até pouco tempo eu era chamada de menina! E agora...moça! É... Esse é o peso do final de cinco anos de muito estudo! Esse é o peso do anel dourado na mão direita! Esse é o peso dos 2.4 que chegaram!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sutilezas

Foi assim que começou a discussão.
- Se conselho fosse bom... Mas mesmo assim tenho que te dizer!
- Ih, lá vem...
- E não começa a reclamar, eu sei que não deveria te dizer tudo que eu penso, mas não consigo, é mais forte que eu.
- Fala, o que foi dessa vez?
- É que eu tava pensando...
- Você e essa sua mania de ficar pensando sobre as coisas.
- É inevitável...Tem coisas que não saem da minha cabeça assim facilmente.
- Nada sai da sua cabeça facilmente, esse é o problema. E você fica cada dia mais neurótica de tanto que você pensa.
- Eu não sou neurótica!
- Claro que é! E cada dia fica mais com essas suas amigas que só colocam besteiras na sua cabeça.
- Minhas amigas não tem nada a ver com isso. Você já parou pra pensar que eu tenho opinião própria?
- Ah se tem! Birrenta como você é, mas é claro que eu sei que tem opinião própria.
- Eu sou birrenta? Por que diz isso?
- Ah, e como você não soubesse do que estou falando né. Mas vem cá, qual o conselho que você ia me dar mesmo?
- Muito fácil pra você agora mudar de assunto! Não, quero saber porque é que você me acha birrenta. Vai...fala!
- Não vou repetir o que você já sabe. Todo mundo te diz isso...
- Quero ouvir sua opinião, vai fala!!!
- Ah meu amor, deixa isso pra lá....Quero saber qual o conselho que você tinha pra me dar. Não é que você seja birrenta, você apenas tem um gênio, digamos que, forte! E é por isso que eu gosto de você. Gosto quando você fica brava, adoro o jeito que você defende sua opinião custe o que custar e de quando você pede para eu escolher o local onde vamos jantar, mas sutilmente insinua que a “comida daquele restaurante italiano é maravilhosa”. Gosto do jeito que você justifica suas ausências nos eventos mais chatos da sua empresa com argumentos fictícios e totalmente convincentes, só porque você estava com vontade de assistir aquela comédia romântica que estreou no cinema... E acima de tudo, adoro quando você está com raiva e no meio da discussão você vem em minha direção como se fosse me atacar, mas no fundo só quer me beijar.
- Oh meu amor, como você é....Você repara em tudo isso? Ohhh....e...pior de tudo...você gosta de mim com todo esse meu gênio difícil, porque no fundo eu sei que não sou uma pessoa fácil né....mas....
- Vem cá, me dá um abraço vai!
......
- Então meu bem, qual era mesmo o conselho que você queria me dar?
- Ah, não é nada, só queria te dizer que essa sua camisa mostarda não combina nada com essa roupa e como nós já estamos quase de saída pra jantar... E por falar nisso, para onde nós vamos hoje?! Tô com uma vontade de comer massas...

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E como hoje é comemorado no Brasil o Dia do Homem (apesar de não saber o porquê de se ter inventado um dia para tal...), parabéns a todos os homens que ainda hoje sabem como tratar bem uma mulher (raríssimos são vocês) e fazê-la feliz.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Meias coloridas

Sem pensar em mais nada. Embotamento intelectual. E isso existe? Não deve existir não. Mas foi a única expressão para o momento. Está frio e faz sol. Seria melhor se chovesse um pouco, ajudaria a dormir melhor. Aliás, dormir? O que é isso mesmo? Segunda noite de insônia. Mas há um lado bom, já amanheceu e agora, de fato o dia pode começar.
O dia pode começar...Estranho. Esse é um dia que não sei por onde começar e nem quando vai terminar. É que na verdade os dias têm sido assim ultimamente. Muita ansiedade! Que tudo isso acabe logo. Mas poxa, já vai acabar? Sim, são cinco anos, uma hora tem que acabar. Sei que sentirei saudades, mas é tão gostoso estar perto do fim, mas tão gostoso que chego a pensar que não existe fim.
E não existe mesmo. A cada final existe um novo recomeço. O fim mais certo que existe é a morte, mas não é bom pensar nisso agora. Na verdade pensar na morte não é algo que me agrada muito. Dizem que a gente teme o que desconhece e devem ter razão. É que, além disso, pensar na morte me faz lembrar do quanto estou distante da minha religiosidade e isso me faz falta.
A fé está sempre presente na minha vida e é o que, na verdade, me fez chegar até aqui. Se não fosse a fé, sei que a fraqueza e o medo me impediriam de ser quem eu sou. Não me tornei essa pessoa sem graça e anti-social à toa, tive que superar meu medo da opinião alheia para ser assim. Tive que quebrar alguns esteriótipos sociais (e até mesmo pessoais). Foi a fé que me tornou quem eu sou. A fé de que existe uma força maior por mim e que Ela me dará o suporte que preciso pra encarar essa loucura toda. E meu deu! Todo o suporte que preciso. E espero ter esse suporte mais e mais. Prometo me dedicar mais a Ti também.
Mas o dia já está começando. O sol aparece levemente ente as nuvens e está frio.
Um bom banho, cabelo lavado e maquiagem no rosto pra amenizar as olheiras da noite mal dormida – ou seria não dormida?! Abrir o guarda-roupa e colocar aquela blusa sem cor, sem graça e sem sal. Porque no meu papel de aprendiz, descobri que devo usar roupas com cores sóbrias.
Eu ainda não descobri o que são cores sóbrias e eu não sinto vontade nenhuma de descobrir. Não quero ficar sóbria mesmo que seja apenas em vestimentas. Quero mais é me embriagar nessa loucura toda e calçar minhas meias coloridas. Elas ficam ali escondidinhas por debaixo da roupa e dentro do sapato. Seria um absurdo que as cores das minhas meias fossem vistas por todos. Seria uma exposição sem tamanho. Eu não gosto de me expor. Prefiro me manter em segredo. Prefiro estar embriagada de loucura e de cores. Mas só te mostro minhas meias coloridas se você me mostrar que ainda consegue sentir, combinado?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para todas as coisas

Para seduzir, olhar
Para divertir, bobagem

Para o carro, devagar
Mas para enfrentar, coragem

Para creditar, mentira
Para discutir, opinião
Para levantar, sol
Mas para dormir, colchão


Para entender, conflito
Para se ganhar, amigo
Para deletar, mensagem
Para o verão, viagem

Para fofocar, revista
Para distrair, TV
Para uma dieta, açúcar
E para amar, você
Para encontrar, vontade
Para atravessar, a ponte
Para desejar, sorte
E para ouvir, Marisa

Para Capitú, Machado
Para uma mulher, Clarice
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio

Para o secador, molhado
Para o colar, anel
Para o batom, um beijo
Sempre muito apaixonado

Para se pintar, espelho
Para se perder, aposta
Para dividir, segredo
Para namorar, se gosta

Para um biscoito, avó
Para comprar, essencial
Para todas as coisas, nó
E para terminar, final!


[Ana Cañas]

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vazio

Triste são aqueles que não amam. Não amar é tão perigoso, que, se aquele que não sabe amar compreendesse, ele então amaria. Como pode alguém viver sem amor? Amar não apenas ao outro, isso é fácil. O maior e mais verdadeiro amor é o amor próprio. E quando não é possível amar a si mesmo, a vida torna-se tão amarga, que é difícil engolir.
Não é papo de auto-ajuda não, mas é inconformismo com tudo isso. Não é excesso de paixão que me faz pensar assim, é o vazio com que me deparo.
Tenho aprendido a me despir das minhas armaduras, das minhas vergonhas e de algumas ‘máscaras’. Percebo o quanto perdi enquanto me escondia de mim mesma. Agora o mundo se mostra tão mais simples e mais gostoso!
Muitos não compreendem certas atitudes e, apenas digo: sinto muito!
Há um tempo deixei de viver em função de uma ideologia. Aprendi que no lugar de ideologia, devo ter crenças e princípios, que é o que me motiva a lutar para alcançar objetivos e não mais sonhos fantasiosos como antigamente. Sonhar é bom e necessário, mas acredito que um sonho bom fica melhor ainda quando transformado em objetivo e desenhado sob a forma de metas.
Independente da realidade em que se viva, é preciso coragem pra viver e perseverança pra lutar, e isso é único, individual e pessoal. Creio em uma força maior e bem mais potente do que a dos homens mortais. Chamo essa força de Deus, mas respeito também quem a chama de outra forma.
A vida é coisa séria sim, mas ela só é sofrida na ausência do amor, no vazio. Nem todas as dificuldades são verdadeiros obstáculos, tudo depende da forma como eles são percebidos. Mesmo não sendo a pessoa mais otimista do mundo, sou capaz de amar e foi isso que facilitou minha forma de encarar a vida e me ajudou a conquistar muitos objetivos.
(Não existe coisa mais gostosa do que chegar em casa no final de um dia apenas ‘sobrevivido’ e ver um bichano – o mais lindo do mundo - ronronando e se esfregando em você pedindo um minuto de sua atenção. Por um instante posso parar e esquecer de tudo. E aquele som do ronronado me faz sentir feliz).
Ao me tornar quem sou hoje, fui somando números à minha idade e diminuindo o número de amarras a que me prendia. Gosto de perceber o mundo com a simplicidade e a inocência de uma criança.
Coisas pequenas e simples podem ser fortes alicerces para a mais sofrida dificuldade.
É só uma fase, entendo. Testar a paciência e o afeto das pessoas não é justo. O afeto deve ser alimentado constantemente, se não ele se perde. Justamente! Sinto que a qualquer momento se perderá do mundo e de si mesma...Isso dói tanto!
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Talvez todas essas palavras façam parte de mais uma banal reflexão cotidiana, mas e daí?

sexta-feira, 30 de abril de 2010

É que...

Sempre que tento achar respostas e explicações para inúmeras neuras e angústias, percebo que de fato não me conheço. É uma coisa difícil essa de conhecer a si mesma não é?!
Se me perguntarem hoje quem sou, não saberei dizer e responderei apenas que estou aprendendo a viver e que talvez, apenas talvez, quando for bem velhinha e a vida já tiver me pregado todas as peças, poderei então pensar sobre a resposta para essa pergunta tão complexa.
A cada dia surpreendo-me com obviedades, com atitudes e reações que pensava jamais ter e surpreendo-me ainda mais com a velocidade em que meus pensamentos fluem e modificam e me transformam em um ser único e complexo, cheio de estranhezas e particularidades.
Talvez seja por isso que não saiba viver sem minhas preciosas (!) amizades. Por uma razão ainda desconhecida, percebo que em cada amigo (a) meu (minha), tem um pouquinho de divindade para que Deus me mostre que está cuidando de mim de uma forma que só Ele há de entender. Mas ao mesmo tempo cada um (a) deles (delas) carrega em si um pouco de loucura para me mostrarem que não é possível chegar até as nuvens com os pés no chão.
É através das mais sábias e simples palavras e também pelos gestos de amizade que percebo que essas pessoas me conhecem melhor do que eu! Ah! Mas como pode ser?! Ousadas essas amizades! Quem me trazem uma felicidade sem tamanho.
Talvez essas pessoas não saibam o quanto são importantes. Mas é que, no fundo eu acho que em mim tem sempre um pedacinho delas. Eu sou feita das coisas que aprendi com elas e com o mundo, que, muitas vezes, aprendi a conhecer em suas companhias. Acho que no fundo, sou feita daquilo que elas fizeram de mim com suas risadas, com suas histórias, com suas lições, com suas lágrimas, com sua companhia. É que talvez eu seja alguém melhor, por carregar em mim um pedacinho de todas essas pessoas. =)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Poluição Sonora

PROIBIDO USO DE APARELHOS SONOROS
LEI MUNICIPAL n.o 6.681/65.

Acho que qualquer um que utiliza transporte público constantemente já viu esse adesivo colado no ônibus. Ainda assim há pessoas com um senso crítico muito bom que insistem em escutar música em volume alto sem aquela pecinha de extrema utilidade: o fone de ouvido.
Celulares, mp3/4/5... 10. Todos esses aparelhos vêm acompanhados desse componente chamado fone de ouvido! E porque é que as pessoas de educação afinada insistem em escutar suas músicas no ônibus sem o tal fone de ouvido?
Desde quando os outros precisam gostar da mesma música que você gosta e compartilhar isso contigo no transporte público, enquanto dirigem-se ao seu trabalho ou voltam para casa?
Certo dia, enxaqueca explodindo na cabeça, ônibus cheio, calor e de repente aquele som maravilhoso de funk em alto volume para que todos os passageiros compartilhassem desse péssimo gosto musical. Na mesma semana, viagem longa, calor, sono e de repente aquele pagodinho desagradável.
Aaaaah! Não que eu ache que só porque eu gosto de mpb e rock que todos devam escutar e compartilhar do meu gosto. Jamais. Cada um escuta a música que lhe agrada. Justamente... A música que LHE agrada.
Seja feliz e escute o que quiser, cante, dance... Mas, por favor: utilize o fone de ouvido!!! Por mais que as pessoas ao seu redor gostem das mesmas músicas que você, às vezes, naquele momento específico do seu dia, ela não sinta vontade de ouvi-las.
Também, respeite a população e aceite que nem todas as pessoas gostam de funk e pagode e definitivamente não lhes agrada ouvir esse tipo de música em qualquer momento do seu dia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Detalhes

Trabalho, faculdade, estágios, relatórios, médico... E tudo mais que for possível encaixar nos horários de segunda a sexta-feira. Um caos total, cansaço, dor de cabeça, necessidade de ir ao oftalmologista porque a vista está ruim de tanto ficar na frente do computador. Nada mais gostoso do que, em plena quarta-feira receber um convite do namorado para passar a noite juntos. [Tem que aproveitar uma das vantagens de não estar trabalhando no momento, certo?] Cabeça estourando de dor, mas a vontade de estar junto é maior. Um comprimido com água e paciência que logo passa. Uma surpresa: um jantarzinho charmoso e saboroso – feito pelo sogro - com camarão e, como sobremesa...algo que há um ano queríamos... Fondue de chocolate! Uvas, abacaxi, chocolate! Delícia! E pra noite terminar ainda melhor....Ui.
É, um momento a dois prazeroso no meio da semana, com direito a tudo que há de mais gostoso não tem preço. Acordar cedo depois de uma noite dessas, faz o dia ficar até mais bonito e definitivamente mais feliz. Porque é nos detalhes e nas pequenas coisas que realmente se encontra a maior felicidade da vida.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Se deve viver apesar de.

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita fui a criadora de minha própria vida."

C.L. em: Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

quinta-feira, 25 de março de 2010

Silêncio

Não diga nada, por favor.
Vem cá.
Chega mais perto...
Deixa eu te sentir.
Encosta tua barriga na minha.
Abrace-me. Sinta-me.
Deixe-me deitar em teu ombro.
[Me perco em você]
Fecha os olhos.
Meu rosto em teu pescoço...
Sinto seu cheiro.
Meus lábios na tua nuca...
Quero-te!
Não diga nada.
Palavras são banais.
Nunca dizem o essencial.
O essencial é sentir.
E no silêncio...
Tua boca na minha.
Teu cheiro em mim.
Abraça mais forte.
Teu corpo no meu...
Sinto-te! Quero-te!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Alone

É que no final do dia nós estamos sempre sozinhos. Não importa o que aconteça desde a hora em que se tira a o pé da cama até a hora em que a cabeça deita-se novamente no travesseiro. Não importa o que aconteceu, com quem se falou, quem se beijou ou abraçou, com quem se irritou ou quem te deu um sorriso que te impediu de cair aos prantos, quando você pensava que não ia mais suportar. Você sempre estará sozinho ao final do dia. Independentemente de quem divide a cama ou o quarto contigo. Ao deitar na cama e fechar os olhos é com você mesmo que você terá que se entender.
É em si mesmo que você encontrará respostas para as questões que lhe tirarão o sono por noites e noites a fio. É em você que se encontra a força para levantar no dia seguinte e encarar aquela situação que lhe dá dor de barriga e suadouro nas mãos. É consigo mesmo que deve conversar para contar aquele segredinho que nem teu melhor amigo pode saber.
É de si mesmo que deve rir relembrando das besteiras que disse, ou das situações embaraçosas que vivenciou. É consigo mesmo que ficará decepcionado por não ter conseguido aquela tão sonhada vaga de emprego. É consigo que ficará remoendo aquela briguinha idiota com seu amigo, só porque ele devolveu teu tênis um pouco ralado pelo futebol.
É porque não importa o que aconteça, não importa quem se tenha na vida, o que se tenha na vida, no final do dia, nós sempre estamos sozinhos. Sozinhos com nossos medos, angústias, felicidades, vitórias, decepções e desejos mais secretos. É porque no final do dia, nós temos a nós mesmos como melhor confidente, como melhor companhia....E depois de ter se doado um pouco a cada pessoa e a cada situação que tenha passado, estar sozinho neste momento é a melhor felicidade que se pode ter.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

...

“Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem – pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela – apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez.”

Lóri, em: Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres – Clarice Lispector

sábado, 30 de janeiro de 2010

Simplesmente seja

Nada que umas boas horas de música não resolva. É só ligar o rádio e ouvir aquela música de que tanto gosta, que o dia se transforma. Esquece os problemas, as dívidas, a falta de tempo e de dinheiro, o pouco cuidado consigo mesma e, pelo menos por um momento, despe-se de suas máscaras e existe, e é!
Existe por si mesma, sem medos, sem pudores, sem amarras, sem vergonha e canta! E canta alto, e ri e chora, numa mistura de emoções maravilhosamente boas que só ela há de compreender. Porque não há coisa melhor nesse mundo do que música! Só a música acalma, emociona, conforta!
É o som! Não são as palavras cantadas, mas a batida, o ritmo, a melodia! É o som que liberta, que inspira, que faz o coração bater mais forte ou uma lágrima escorrer no canto do olho. É a melodia que representa a alegria ou tristeza do momento, ou mesmo aquela mistura confusa e excitante de emoções. As palavras cantadas são o complemento, a possibilidade de expressar-se, de tentar, inutilmente, cristalizar emoções.
Então simplesmente fecha os olhos, sente o vento batendo no rosto e canta! E se emociona! Esquece de quem está ao redor ou de quem possa ouvi-la ou do que seja lá que vão pensar. Não importa! No meio do caos cotidiano, às vezes esquece de si mesma, de seus gostos e suas vontades e apenas vive...empurra com a barriga e esquece de existir.
Este momento é seu e só seu! Ninguém mais compreende o que a música representa. Ela existe pela música! Sente-se viva e completa em sua individualidade. Sente-se feliz, e não importa que esteja só, é justamente isso que é lindo! Ela está só, num momento seu, e isso basta! Não precisa de riquezas ou de pessoas ao redor pra sentir-se feliz. Ela mesma se basta!
Sabe que estar momentaneamente só não significa solidão. Sabe que se sentir bem consigo mesma, em seu mundo mais secreto e íntimo é totalmente o oposto de solidão. Sabe que é só abrir os olhos que entenderá a razão de sentir-se feliz e completa!
O mundo está ali, diante do seu nariz e ela gosta do que vê, do que sente, do que faz e do que vive. É uma felicidade que não cabe em si, então a música a faz sentir intensamente as emoções vividas, a faz compreender a razão de ser completa e ser feliz. Então ela sabe que basta ser, em essência e intensidade para existir.

“Simplesmente seja, o que você julgar ser o melhor”
(Maria Rita)