segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mas fica só entre a gente, tá?

Necessidade imensa de gritar. É isso!
Sentimentos inexplicáveis, difíceis de traduzir em palavras!
Compartilhar medos, angústias, dores e segredos...
Intimidade é algo assustador!
Cumplicidade é coisa rara...
Confiança exige tempo, respeito e transparência.
Só que transparência implica intimidade.
Esse é um ciclo que torna os relacionamentos tão complexos!

Tem coisas que só a própria experiência pode explicar.
Viver vai muito além do que se pode imaginar.
Alias, tem coisas realmente inimagináveis que surpreendem!
Só quem vive é que pode entender a grandeza de pequenos gestos.
Acontece! Aquilo que menos se espera: acontece!
E quando acontece: o que fazer com tudo isso?
Já se sofre tanto nessa vida, que entre todas as opções, o riso é a melhor solução.
Rir! Ah, um riso de alívio pela dor, pela vergonha, pelos erros!
Um aprendizado. Definitivamente um grande aprendizado! Inesquecível...
É o que se tem para o momento: o riso e o grito!


“... e nesse silêncio profundo se esconde minha imensa vontade de gritar” – Clarice Lispector.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O não dito

As palavras têm um peso tão grande em nossa vida. Pesam tanto que muitas vezes torna-se conflituoso decidir o que deve ou não deve ser dito. Na verdade muitas palavras devem ser ditas – afinal elas existem para serem usadas, mas desde que no momento certo e para a pessoa certa.
Difícil é quando não existe receptor para o que vai ser dito. Ou até existe, mas é alguém que só existe fisicamente, pois pouco lhe importa o que será dito. Aí palavras são apenas palavras! Mas o fato é que palavras nunca podem ser apenas palavras! Elas carregam um peso de significado tão intenso e complexo que quando ditas para ferir, o fazem melhor do que um tapa ou beliscão.
Saber ouvir, na verdade, saber escutar, é um dom. Como diz Rubem Alves: “Escutar é complicado e sutil”. Mas e sobre saber falar? Por que poucos se preocupam com o falar em si. Falar é coisa complicada também e é quase sempre um risco.
Existe o risco de se perder quando algumas palavras são pronunciadas, e quase sempre isso acontece não pela palavra em si, mas pelo significado que ela carrega ou pelo contexto em que são ditas. Porque no momento em que são ditas, elas se concretizam e muitas vezes ferem como pedrinhas coloridas que, quando criança se colecionava e às vezes se jogava na cara de alguém, de propósito mesmo, para machucar.
Mas existe também o risco de não se falar. Sim, existe o risco do silêncio. É que o não dito machuca às vezes também. E, dessa forma, afirma Lya Luft: “Vivemos nesses enganos, nesses desencontros, nesse desperdício de felicidade e afeto. No sofrimento desnecessário, quando silenciamos em lugar de esclarecer”. É um silêncio angustiante, ressentido e nele se acumulam amargura e incompreensão. A palavra não dita faz mal para quem as guarda para si. É como se uma bola sei lá do que e sei lá de que tamanho fosse se formando dentro do estômago e dá aquela dor, aquela ânsia inexplicável.
Mais do que saber escutar, como afirma Rubem Alves, é imprescindível saber usar as palavras. Elas fazem parte de nossa essência enquanto seres humanos e saber usá-las adequadamente é um aprendizado constante, pois com ela nos aproximamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, acalmamos, ferimos e matamos.

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"Palavras e silêncio, que jamais se encontrarão" - Zeca Baleiro